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Domingo, 23 de Dezembro de 2007

oito vezes oito

Partilho com vocês uma verdadeira pérola ao qual fiquei associado como figurante e principalmente como bom observador e ouvinte.

Estava eu sentado numa explanada, concentrado na árdua tarefa de separar os vinte e quatro (mais coisa, menos coisa) cadernos publicitários do semanário Expresso, quando um casal acompanhado do seu filho se senta na mesa à minha direita. Depois de algum desassossego provocado pelo arrastar das cadeiras ( a mãe foi mesmo a pior)...voltei à minha guerra de arrumação.
...
Passados uns largos minutos, estava eu a ler a entrevista do MEC ao RAP na revista Única, quando ouço a voz infantil do trio questionar:

Filho - Mãeeee...quanto é que são oito vezes oito?
Mãe - Isso não sei. O teu pai é que tem que saber essas coisas. ( Nota: A senhora disse isto com um ar verdadeiramente enjoado e parvo)
Pai - João...agora tou a ver o jornal! (Nova nota: reparei que era "a bola")
...
O puto, que deveria ter uns 10 anos, ficou um pouco chateado. A mãe, de braços cruzados, apreciava, com ar de malícia, umas botas de uma senhora do lado. O pai...estava a ler o Jornal e não podia ser importunado.
...
Ao voltar a colocar os meus olhos na minha leitura, ouço uma voz estranha junto do trio maravilha dizer mais ou menos o seguinte:
- olha, oito vezes oito são sessenta e quatro. Quando eu tiver a minha empresa, manda o teu curriculum para mim...talvez te arranje lugar como motorista ou algo assim...
...
Fiquei de boca aberta...o dono daquela voz era pouco mais velho que o João.
Até o pai do João parou de ler "a bola".
Do espanto, passei à gargalhada...pedi a conta, arrumei o jornal e fui embora.

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publicado por G às 13:42
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2 comentários:
De ruinix a 24 de Dezembro de 2007 às 07:58
AHAHAH!!! Bem apanhado. Ao menos o puto tem uma possível proposta de emprego numa possível empresa.
De G a 24 de Dezembro de 2007 às 08:21
Vamos acreditar que sim...que ambos vão ter sorte.
O que mais me impressionou foi a inércia dos pais...ou talvez não...sei lá...por alguma razão estamos como estamos, não é?
um abraço e boas festas!

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